Aquela sensação de aperto, vontade de fazer qualquer coisa sem fazer nada. Vozes surdas no subconsciente sussurram palavras asfixiadas aos ouvidos loucos.
Os olhos cansados nada vem além das quatro paredes nesta sala cheia de gente. Os dedos desajeitados, em linhas tortas drenam sentimentos mais profundos que há em mim nessa tela grande do "andróide da vodacom".
Não estou feliz, e nem estou triste. Apenas me sinto vazio, com vontade de ser preenchido. Apenas quero alguém que saiba escutar sem julgar, que não ache barbaridade quando eu chorar porque sinto vontade de abrir as comportas do meu coração e deixar toda água que inunda meu coração transbordar até molhar o travesseiro e a cama que suporta o corpo que esconde a alma despedaça de homem que sonha de olhos a abertos
domingo, 29 de março de 2015
quarta-feira, 25 de março de 2015
Tenho uma filha
Tenho uma filha de olhar sereno e penetrante, de cabelos longos e escuros. É uma menina esperta, enérgica e brincalhona. Tem uma pele macia que lembra o toque de uma nuvem branca a deixar cair gotas de chuva em pleno sol de verão refrescando a quem alcança.
Não me canso de brincar com ela, pois, quando estou ao seu lado sinto-me protegido dos fantasmas que invadem a mente de adulto que tem medo de sonhar. Ao lado de uma criatura linda, indefesa, sinto-me o homem mais feliz do mundo. Mas também, que ser é esse que não ficaria tão fascinado com a sua primeira sorte?
Nas nossas conversas fala línguas estranhas, que não são do meu entendimento. Mas quando paro, olho no fundo dos seus olhos redondos e escuros vejo um mundo brilhando, vejo sonhos se criando nos braços protegidos do pai. Segura de que nada a pode abalar perto do pai coruja, me passa a mão pelo rosto, toca nas barbas picantes e sorri como se dissesse “Gosto muito de si pai, obrigado por me proteger”.
No mesmo momento em que estas coisas emocionantes acontecem, um medo avassalador invade a fortaleza da minha mente. Começo a pensar no mundo fora que desprotegida a minha filha irá caminhar. Tenho medo do que pode acontecer nesta sociedade patriarcal, receio do mundo chato em que a minha filha vai estar. Tenho medo de assassinos, violadores, homens sem escrúpulo que fazem cálculos farejando as fraquezas das suas vítimas que violam depois assassinam. Tenho medo de tudo e certeza de nada, numa sociedade em que discursos incendiários mergulham o meu país num futuro incerto e sem mérito. Onde a cada dia, uma vítima é assassinada. Nisso uma lagrima cai inundando o chão que um dia a minha carne vai comer. Uma cratera enorme de tristeza em mim se cria. A nuvem branca que antes chamara a chuva que traz bonança, muda de cor e chama outras nuvens negras que em uníssono gritam palavras ensurdecedoras que molham e inundam os sonhos de paz que tenho para a minha filha.
Depois de tudo, ergo a cabeça e mergulho na realidade. A consciência é chamada a razão. Ergo as mangas da camisa cumprida que cobrem os braços de um pai trabalhador empenhado em fazer crescer a sua filha para ser independente, desimpedida e dona de si. Mesmo tendo a certeza de que tudo é um sonho, vou a rua e espalho a boa nova, como o Méssia fez com os seus apóstolos. Espalho a mensagem para outros homens e a sociedade no geral para a mudança de comportamentos e atitudes, de modo a que construímos um mundo de paz, de harmonia, solidariedade, igualdade e equidade.
Apesar de ser um sonho, continuo a lutar até mesmo neste momento ao partilhar este sonho consigo que estas a ler este texto torto, com muitos erros, mas com a certeza de ter tocado em alguma coisa que em ti existe: “Consciência”.
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