Uma vez li o seguinte: “o arroz que comemos nasce da
lama. A gente nem imagina de onde ele sai, de lugares bem sujos e de mãos sujas
ele é tratado. Entretanto, quando chega as nossas casas bem branco e cheiroso, não
pensamos no processo que foi levado até que fosse produzido. Por outro lado,
vejam o ouro que é tanto ostentado o seu brilho. As pessoas andam em todo o
lado a lutar, a esforçar-se para ter qualquer objecto que brilhe como o ouro.
Todavia, nunca imaginou de onde é que ele sai. Se é que alguma vez viram, foi através
de um livro ou de uma tela de televisão.” Mas a verdade vos digo: ele sai do subsolo,
da lama, da água suja e mãos sujas o extraem. Mas quando chega nas nossas mãos
nem imaginamos o esforço empenhado até que ele pudesse ser extraído. Até
fazemos juras de amor, mentimos, compramos e fazemos poemas com esse metal
precioso.
Sei que podes estar a perguntar-se: mas qual é a ligação
entre o que está a falar e o tema que nos propôs a ler? Calma, era para fazer-te
entender um pouco o que acontece até o sol brilhar, até o arroz ser produzido,
ate o ouro chegar as suas mãos. Isso para mim compara-se a visão do qua muitos
tem do bairro da Polana Caniço. Elas associam este lugar ao consumo de drogas; onde
tudo pode acontecer: desde assassinatos, assaltos; pobreza em todas vertentes:
mental e material; crateras criadas por excesso de lixo na via pública, cheiro
nauseabundo, mercados desorganizados; em fim, um bairro que não se aconselha a
viverem. Os meus conterrâneos que me perdoem. Apesar de ser um vivente deste arraial,
aqui só retrato o que os outros pensam através da minha visão de aspirante a
escritor.
Depois de ter arrolado os males que infestam este bairro
vizinho da sommerchilde, que contrasta com as casas majestosas que se carregam
uma em cima da outra, de ruas bastante abertas e de árvores que se contam com
as mãos dos dedos, quero falar do arroz da Polana Caniço. Acredito que muitos já
me chamaram de boa pessoa, diferente (no bom sentido), humilde bastante enérgico,
cheio de inspiração e bastante engraçado (Não que eu seja isso tudo, pois as
pessoas as vezes exageram, nos bajulam, falam aquilo que queremos ouvir).
Todavia, existe aquelas que falam com bastante sinceridade e preocupadas em nos
ver crescer. Agora, o que as pessoas não param para pensar antes de falar de
boca cheia que este é um bairro de moluenes ou guadjissa, é que há jovens que estão
preocupados como eu em tornar o mundo um lugar melhor para se viver. Neste
bairro vizinho do campus universitário há jovens que arriscam as suas vidas na
manhã madrugadora de modo a se dirigir a faculdade para se tornarem pessoas cultas.
Há jogadores de futebol e praticantes de vários desportos que sobre o sol
intenso do dia-a-dia passam mensagens de não a violência, de paz aos seus treinados.
Portanto, apesar do bairro ser lamacento, problemático. Por outro lado, há
algumas pessoas especiais que se distinguem através do seu papel activo na solução
dos problemas do bairro. Esse é o tal arroz da Polana Caniço que a gente só
explora o emprega nos nossos postos de trabalho na nossa empresa ou organização
e as vezes, esquecemos do seu lugar de proveniência.
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