Já a dias desde que chegamos a
este lugar, o meu colega me olha com ar de desconfiança quando arrumo a
cama. Alguma coisa como “Porque é que, este miúdo sempre a arranja o
seu leito enquanto tem pessoas que são pagas para isso?” pairava a sua
cabeça. Acredito que é desta forma que pensava porque me observava com
ar de espanto e admiração ao mesmo tempo.
A propósito, certo dia antes de acordar e me aprontar para a corrida diária comecei a arrumar a cama. Nesse mesmo momento ele deixou a língua comer as bactérias que pairam no ar, dizendo:
-Olha porque é que estas a arrumar estas coisas enquanto as moças podem arrumar?
Como sempre, aquele era o momento mais oportuno para defender a minha
causa mostrando que numa situação em que parece que a gente nada pode
fazer. Podemos fazer muito do que nem se quer imaginamos. Comecei a lhe
responder:
-“Sabe mano, as vezes as pessoas esquecem de que ainda
existe bondade. Portanto, precisamos lembra-las de que afinal há alguma
luz que pode brilhar em meio a imensidão das nuvens. Dai necessitamos
acende-la. Hora veja, quando ela entrar e apanhar que a minha cama já
foi feita, vai questionar-se porquê? A partir dai, irá começar a
acreditar de que ainda existem boas pessoas e vai querer cultivar esta
ideia contando para a sua família e amigo/as mais próximo/as e estas
pessoas todas vão ajudar a espalhar esta ideia iluminado o mundo de boas
praticas. Esta reflexão vai lhes puxar a reflectirem sobre as suas
actitudes com relação aos outros e a qualquer evento”
Pude notar que
havia ganho a sua atenção, ficou estático seguindo o ditado dos sábios
que diz “escutar é o poço da vida”. No final para me mostrar que havia
apanhado a ideia que com ele partilhava, antes de sair da sala disse o
seguinte:
- Tens toda a razão. Veja que na minha cama tiraram até um dos lençóis enquanto para si deixaram tudo completo.
Em fim, é uma estória que chama a reflexão de todos para que vejam que
podem muito fazer para a construção de um mundo melhor onde cada um de
nós faz o seu máximo para iluminar a vida das pessoas próximas de si,
sem importar se é uma pessoa conhecida ou desconhecida, rica ou pobre,
grego ou troiano, em suma, não importando o seu status social.
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