Ao longo da vida, nalgum momento, precisamos nos comunicar e deixar ficar as nossas ideias para as outras pessoas. Pode ser para uma única pessoa ou para um grupo de pessoas. A este conjunto de pessoas ao qual nos dirigimos na hora da apresentação, chamamos de público ou de audiência. O público neste sentido, pode ser o grupo de amigos, familiares, colegas da turma e do serviço, até um grupo maior como a audiência de uma sala de conferência ou até uma legião que te espera assistir nas telas das suas televisões, sentados nas suas próprias casas. No entanto, muitas vezes, esta prática tem sido uma enorme dor de cabeça pela responsabilidade que carregamos. O que faz com que sintamos uma enorme ansiedade e medo de cometer um erro capital que manche a nossa carreira ao longo de toda a vida.
No primeiro momento, quando contemplamos o olhar atento daqueles que nos esperam ouvir, parece que o coração está a dar saltos e a uma dada altura a de nos sair pela boca. Sentimos um resfriado no corpo. A mente nos bombeia com inúmeros questionamentos como, será que estou bem vestido? Será que me vão ouvir? O que vou falar é relevante? Não vou desmaiar na hora que estiver a falar? Nesse momento começamos a suar e a rogar para o tempo voltar atrás e não estar naquele lugar para fazer a tal apresentação. Então, este é o grande dilema que nos acomete sempre que nos dão oportunidade para uma palavra no encontro familiar, na rádio, na televisão, na reunião de trabalho, na igreja, até na sala de aulas. Portanto, reconhecendo que este é um problema constrangedor e que já encontrou a qualquer pessoa, vou partilhar neste texto, algumas estratégias que te podem ajudar nesta árdua tarefa de comunicar em público. Não é que seja um comunicólogo por excelência, mas a vontade de aprender e partilhar ideias é maior de tal forma que não poderia deixar de me dar a oportunidade de repartir o pouco de ideia que tenho.
Primeiro, em tudo que fazemos, temos de estar preparados para fazer a tal coisa. Preparar significa antecipar, antever o cenário que se espera no local da apresentação, o comportamento do público e as dúvidas que podem ser levantadas durante a apresentação. Agora, se é alguém que acumulou vários verões e invernos nesta prática de falar em público, pode se arriscar em ir sem se preparar. Mas lembre sempre: “É melhor prevenir do que remediar”. Por mais que o assunto seja do seu domínio, é aconselhável que se tenha alguma preparação porque cada público é um público, apesar de que vai partilhar o mesmo assunto. É necessário pesquisar sobre o que se vai apresentar. O que a literatura diz sobre o assunto, o que as pessoas falam deste assunto, por que é que é importante discuti-lo, para quem vai falar, qual é o nível de conhecimento que as pessoas tem sobre o assunto? Depois de pensar que domina a matéria por apresentar, é bom ensaiar com alguém mais próximo de ti, olhar-se no espelho e se auto avaliar.
No dia da exposição, se a sua apresentação vai ser de manhã, acorde cedo. Ensaie mais um pouco. Coma o que te agrada. Põe um sorriso no seu rosto e faça uma oração. Confiante de que tudo vai dar certo. Chegue cedo a sala da apresentação para se ambientar com o espaço e poder avaliar o teu público antes de se sentar. Observar quais são os mais activos, quais são os que te parecem trazer uma energia positiva. No começo da apresentação, faça um giro de olhos em todo o público para o desarmar e mostrar que o domina. Olha o que o leão faz com a sua presa para não escapar, controla-o através do olhar. Caso seja tímido para olhar no olho das pessoas, então fixe o olhar num ponto atrás da plateia. Ou, por outra, contemple somente aquela pessoa que tens mais intimidade com ela. Se for um amigo ou familiar melhor ainda.
Antes de mais, se és alguém que gosta de histórias, então conte uma história curta ou uma piada engraçada para descontrair um pouco e desanuviar a tensão que se cria nos primeiros momentos. Se não tiver nenhuma história, então lance um provérbio que tem a ver com o teu assunto. Seja sincero nas suas palavras. Se nalgum momento sentires medo, diga ao teu público que sentes medo. Quem iria querer se armar de esperto para uma pessoa humilde e inocente que reconhece o seu medo? Esta é uma das formas de desarmar a todos eles. Mesmo aquele que te queria montar uma pergunta de ratoeira se vai sentir desarmado. Comece a falar muito devagar e de forma pausada para que a boca e a mente estejam no mesmo compasso. Se notar que está nervoso, respire de forma suave e profunda. Conte de um a cinco no seu subconsciente. Mas atenção para não perder o foco da apresentação.
É importante evitar algumas gafes que normalmente acontecem no meio da apresentação. Usar expressões como o nem, aquilo ali, epa, e, entre outras palavras que repetidamente por engano são soltas nas apresentações. Atenção aos jargões, não são aconselhados. Usa uma linguagem formal, mas simples, de entendimento de todos. Afinal você é que conhece o assunto. Use uma boa tonalidade de voz para se apresentar. Não fale muito alto, nem muito baixo. Deve observar melhor o lugar onde está a apresentar. Se é um sítio aberto ou fechado, pois, isso tem implicância na forma como o público te vai ouvir. Outras salas provocam eco. Por isso, é preciso dar pausa em cada eco para que as pessoas te consigam ouvir. Caso o público, eufórico, bata palmas, é preciso dá-lo tempo. O mesmo deve acontecer quando na sala explode uma gargalhada. Evite pôr as mãos no bolso, roer unhas ou se esfregar as mãos para disfarçar o medo que sente. Não tente disfarçar nada. Seja você mesmo. Sincero. Domine o seu público. Se as pessoas estão ali, sentadas para te ouvir, é porque você é o entendido na matéria. Por isso, faça valer o teu conhecimento.
Organize o seu discurso de forma lógica e interligada. Na sua apresentação tenha uma introdução. Onde apresenta o que vai falar, de que materiais vais usar e, no caso de dúvidas, esclareça que as pessoas podem coloca-las durante a apresentação ou no final da mesma. Depois de introduzir o que vai falar ao seu público, desenvolva o seu assunto. Fale do que prometeu falar. Dê o suco. No fim, faça uma conclusão. Resuma em poucas palavras tudo o que falou desde o primeiro momento. Deixe algum ensinamento, pode ser em forma de provérbio ou uma outra palavra que vai deixar o público marcado com a sua apresentação. Afinal, todos os dias se conhece pessoas e muita das vezes o que fica na apresentação é o primeiro e o último momento. Não é por acaso que numa viagem, se faz festa no momento da chegada e na despedida.
Caso hajam dúvidas, esclareça-as com toda a sinceridade e humildade. Evite responder o que não sabe. Há um ditado que diz “a mentira tem pernas curtas”. Não queira ser desmascarado no último momento e estragar toda uma apresentação por causa de não ter sido humilde o suficiente para não aceitar que não sabe sobre um determinado assunto. Se for o caso de não saber sobre uma questão, prometa que vai investigar e no tempo oportuno vai trazer a resposta do que foi colocado. Faça também com que o público te ajude a responder algumas questões. Afinal eles te ouviram para aprender. E quem aprende deve apresentar o que se aprendeu para as outras pessoas. Mas também, esta será uma forma de avaliar a sua aceitação por parte do público para ver se aquilo que apresentou foi assimilado.
Em fim, em toda a apresentação é preciso estar preparado. Conhecer o público a que se dirige, o seu nível de conhecimento com relação ao assunto que vai apresentar. No dia da apresentação, seja pontual e saia de casa enquanto fez uma oração ou uma última preparação em frente do espelho. Tenha um contacto visual com o público. Evite meter as mãos no bolso e usar jargões. É preciso gesticular com as mãos e a cabeça. Não se apressar na fala para não tropeçar com as palavras.
Na verdade, são várias as dicas que poderia partilhar. Mas, contudo, a forma como compartilhar estas mesmas ideias é que me foi difícil perceber. Pois, sei que você é uma pessoa bastante atarefada e não tem tanto tempo para acompanhar textos longos. Mas este foi o resumo possível que fui capaz de fazer para um assunto que se configura um calcanhar de Aquiles nas nossas vidas. Pois, nalgum momento, vamos precisar de transmitir publicamente as nossas ideias, caso precisemos ser considerados profissionais qualificados ou pessoas que são socialmente aceites como contribuintes para o bem social. A não ser que sejamos animais que vivem nas cavernas e nunca se vão cruzar com pessoas. Mas para terminar mesmo, já diz um ditado sobejamente por todos nós conhecido, “não há uma pessoa tão sabia que não possa aprender, nem uma pessoa tão burra que não possa ensinar”.
Carpe diem.