Era um dia típico do inverno. Me encontrava dentro do quarto embalado
na minha própria solidão. Entre quatro paredes cogitava em torno do meu
passado. Foi nesse instante que me dirigi à varanda das recordações.
Deslizei pelo corrimão do tempo.
Uma brisa suave e atenuante sossegou a minha mente ao lembrar das pessoas com as quais dividi os meus bons momentos. Aquelas
que sempre estiveram comigo nos bons e maus momentos da vida. Daquelas
pessoas que partiram e deixam uma eterna cratera de saudades no coração.
Nesse momento, uma nuvem de lágrimas formou-se no rio dos desejos em
meus olhos e um frio de ranger os dentes me abocanhou e fez embrulhar o
meu estomago.
Lembro dos tempos passados, guardados a sete chaves no
baú das lembranças. Como sempre, volto para resgatar aquele dia de
chuva. O dia em que dei o meu primeiro beijo. Levo horas e horas
vasculhando no meu passado. Trapos de tristeza são achados, me esquivo
para não mexer nessas tralhas que fazem meu coração doer. Contudo é uma
luta titânica. Tolo esforço, todo o mundo vive com os seus fantasmas e
as vezes têm que abrir as comportas do seu passado e permitir que
entrem. Esse é o preço que se paga por mexer no passado. As lembranças
têm seu fardo, tanto como o açúcar doce pode trazer a diabete.
De
longe as nuvens começam a dissipar-se e um arco-íris forma-se no céu
azul. Uma esperança atiça-se no meu coração. Ganho forças para agarrar
no meu presente e construir um futuro brioso com as pessoas que me
envolteam. Já perdi muito tempo. Agora só quero amar, namorar e acima de
tudo valorizar as pessoas que tornam o jardim da minha vida mais
enfeitado.
Depois dessa viagem longa embrulho os meus pensamentos e
recordações, me dirijo à cama. Sacudo o meu leito e me escondo dentro
das mantas na esperança de encontrar um sono que me faça revigorar as
forcas perdidas durante o dia, na esperança de acordar com um amanhã
diferente.
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