sexta-feira, 4 de julho de 2014

O embalo em torno de mim mesmo

Era um dia típico do inverno. Me encontrava dentro do quarto embalado na minha própria solidão. Entre quatro paredes cogitava em torno do meu passado. Foi nesse instante que me dirigi à varanda das recordações. Deslizei pelo corrimão do tempo.
Uma brisa suave e atenuante sossegou a minha mente ao lembrar das pessoas com as quais dividi os meus bons momentos. Aquelas que sempre estiveram comigo nos bons e maus momentos da vida. Daquelas pessoas que partiram e deixam uma eterna cratera de saudades no coração. Nesse momento, uma nuvem de lágrimas formou-se no rio dos desejos em meus olhos e um frio de ranger os dentes me abocanhou e fez embrulhar o meu estomago.
Lembro dos tempos passados, guardados a sete chaves no baú das lembranças. Como sempre, volto para resgatar aquele dia de chuva. O dia em que dei o meu primeiro beijo. Levo horas e horas vasculhando no meu passado. Trapos de tristeza são achados, me esquivo para não mexer nessas tralhas que fazem meu coração doer. Contudo é uma luta titânica. Tolo esforço, todo o mundo vive com os seus fantasmas e as vezes têm que abrir as comportas do seu passado e permitir que entrem. Esse é o preço que se paga por mexer no passado. As lembranças têm seu fardo, tanto como o açúcar doce pode trazer a diabete.
De longe as nuvens começam a dissipar-se e um arco-íris forma-se no céu azul. Uma esperança atiça-se no meu coração. Ganho forças para agarrar no meu presente e construir um futuro brioso com as pessoas que me envolteam. Já perdi muito tempo. Agora só quero amar, namorar e acima de tudo valorizar as pessoas que tornam o jardim da minha vida mais enfeitado.
Depois dessa viagem longa embrulho os meus pensamentos e recordações, me dirijo à cama. Sacudo o meu leito e me escondo dentro das mantas na esperança de encontrar um sono que me faça revigorar as forcas perdidas durante o dia, na esperança de acordar com um amanhã diferente.

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