De repente sinto um peso nas costas, os olhos minguam
devagarinho. Meu corpo vai desfalecendo aos poucos. Paro no meio do asfalto para
ver se recarrego as energias. Nada de forças. Não consigo respirar devido ao
aperto que vem do peito.
Cada vez a mais vou perdendo forças. Estou prestes a
sofrer uma invasão que se anuncia pelo padecimento do corpo. ” Que coisa
estranha. Nunca senti!”- Apenas a mente reservou energia suficiente para alguns
segundos de reflexão. Preciso prender a minha respiração sinão posso cair no
meio da rua aglomerada de gente.
Uma confusão de sentimentos abocanha o meu imaginário. “O
que será isso?”- Tento buscar respostas na cratera negra que só emite o meu
eco. O inesperado aconteceu: Apaguei literalmente.
“Será que estou morto? Oque é isso que estou a ver?” De
repente, no horizonte do meu apagão começa a passar imagens estranhas. Não são
preto e branco, nem coloridas. É uma afiguração sem discrição, nunca contemplei
esse fenómeno na minha existência humana. Vejo coisas que parecem pessoas em duas
dimensões.
Comtemplo de um lado, um mundo em guerra, correria para
todo o lado. Ninguém para de modo a contar o que se passa. Um homem corre,
depois é atacado. Uma senhora caminha, depois é assaltada. Uma flor nasce no
caminho, depois é pisada. Algumas crianças brincam na rua e um senhor passa e
as assusta. Um povo que vivi na beira do rio vai pescar e no final do dia só
sai a bota de um soldado. Um senhor acende uma lâmpada e escurece. O sol nasce
escuro de noite e a lua dorme de manhã azulado. No mesmo instante, por outro
lado, vejo a segunda terra. Parece viver em paz. Estão vestidos de branco.
Parecem anjos. Consigo ver a luz em toda a parte. Um homem cai, um jovem dá a mão
e o levanta. Uma criança fala uma língua estranha e todos a escutam com os
olhos fixos. A sua voz acompanha os seus movimentos. As flores nascem livres
nas montanhas e enfeitam as casas.
Quando tento mergulhar a fundo no segundo mundo, uma mão
me alcança do abismo. Uma luz intensa beija a minha testa. É a chama violenta
do sol das doze que ferve a cidade de Maputo. Acordo para o mundo real. Um montão
de pessoas se aglomera em torno de mim, estão a assistir-me como se fosse uma televisão.
Envergonhado, levanto e limpo os joelhos e caminho refletindo:
“A que mundo será que pertenço? Será que apos a morte vou
experimentar aquela experiencia? “ Dúvidas inquietam a minha mente irrequieta.
Sem respostas vagueio no mundo das letras para ver se busco alguma explicação para
esse meu cosmo turvo.
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