terça-feira, 12 de agosto de 2014

O Dia em Que Perdi o Meu Primeiro Amor




Vivia na casa que virava da esquina. Nas ruas que se rasgavam em frente da minha casa, passava uma donzela da cor de ouro que enchia os meus olhos de amor e paixão. Na minha inocente infância a tentava alcançar, mas, desprovido de técnicas de oratura me condenava a triste solidão de estar só, acompanhado por aquele sentimento de não a ter mas que faz bem.
Horas e horas passavam. Eu por sua vez aguardava impaciente para ver aquela miúda com o sorriso de flor atravessar entre a esquina.
- Ola- a cumprimentava
Naquele momento um frio de embrulhar o estomago me mastigava. Os sovacos começavam a aquecer e cuspiam um suor fedido das entranhas do corpo e sôfrego aguardava a sua resposta.
- Tudo bem?- ela respondia
Nesse momento, meu mundo insólito fogueava-se de alegria. Uma coisa estranha de dentro de mim se libertava. Parecia que estava preso a séculos em torno de mim mesmo. Depois de responder a minha saudação, ela deslizava sobre o solo areoso do bairro como se fosse uma sereia do alto mar que enlouquece os marujos com a sua voz fina e suave atiçando os ouvidos afligidos pelas ondas. A sua pele de cor de chocolate junto dos raios do sol transformava-se em feixes luminosos que entranhavam-me a pele suavizando os poros. Juro que ficava hipnotizado. Ai, dias e dias passavam e o cenário continuava.
O tempo passou, meu coração de coragem se encheu. Um certo dia quando a acompanhava nesses encontros de cortesia quis meu segredo revelar. Já não aguentava guardar um sigilo que estava a vista de todo mundo. Ela também já sabia que meu coração por ela não aguentava. Que os dias que passava longe dela parecia que meu mundo ia desaparecer, que o encanto da minha vida perdia graça. Dai, decidi abrir as comportas do meu coração e o segredo revelar. Um grande objecto traz consigo uma sombra grande. Por isso, os sentimentos que nutria, jamais os conseguiria esconder para sempre.
Chegamos perto daquela casa colossal com o portão pintado a vermelho. Dai, a fiz parar. Deixei fluir os sentimentos mais nobres que saíam da parte mais profunda que há em mim. A coragem me avassalou. Fixo nos seus olhos como o leão faz com a sua presa a observava no maior dos encantos “o amor”
-Sabe, eu gosto muito de ti. Desde o primeiro dia a vê-la meu coração falou mais alto. Desde a muito que te queria falar aquilo que estou a dizer agora. Contudo, me faltava coragem para proferir tudo o que tenho guardado- falava eu para ela.
Foram quase três minutos sem parar, a falar para aquela beldade. Ela, nada dizia. Apenas escutava as mais puras verdades que em mim saiam. Quando estava para responder, eis que o infortúnio do meu desejo acontece. A porta daquela casa se abriu de repente e uma alma humana de lá saiu
- Podem parar- proferia uma senhora delicada que saiu do nada, daquela porta grande e vermelha
Era como se tivesse desligado algo em mim. Não consegui mais continuar. Dai, nos separamos. Cada um seguiu o seu caminho. Aquilo que era o amor eterno transformou-se num grande sentimento. Para além de amor, passei a gostar dela de um outro jeito, mas tão especial. É como se ela fosse minha irmã. Até aos dias que correm, meu coração ainda brilha quando lembra do seu primeiro amor.




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