Quem me dera voltar a ser um menininho,
Acordar de manhãzinha, o chá tomar.
Sair à rua, com outros menininhos brincar
De pés descalços, sem camisa andar.
Ao meio dia ouvir o chamado da minha mãe coruja,
Me chamando para almoçar com batata-doce
Mais um copinho de chá tomar,
Enquanto espero o xiquento do dia anterior.
Comer, comer até a barriga encher e de novo brincar.
Já a tardinha correr com o xinguerenguere sem parar.
Brincar de cabra-cega, zotho e maberlinda jogar.
Que infância tão linda, cheia de luz!
A tardinha aos braços do meu pai voltar,
Sentir aquela barba afiada e grossa picando.
Toca-la como a minha filha toca a minha hoje.
O banho tomar e na sala de casa de caniço ficar,
Sem roupas, sem nada. Assim como vim ao mundo,
Inocente, incapaz de ler os códigos dos adultos, lá fora pelo buraco espreitar.
Ver o céu azul, as nuvens se dissipando.
A mesa sentar e jantar.
Histórias dos meus pais escutar.
Estórias de “Kaya nhembane” (em casa inhambane) ou “Magude nkanhine” (Magude no canhueiro) ouvir.
Quem me dera voltar a ser um menininho e infinitamente sonhar
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