Vento ameno, temperatura suave. O sol tímido espreita sobre as acácias
da baía de Maputo. Quatro mangueiras exibem as suas flores denunciando o
rebento das manguinhas que daqui a um tempo vão constituir o mais
preferido cardápio dos adolescentes. Que os pais e as mães saibam
esconder o sal!
Do terceiro andar observo a roupa esticada no terraço. O vento sopra
cruzando as vestimentas coloridas esticadas numa linha fina de aço
enferrujado. Enquanto ela entra na balada com o vento, os meus olhos
acompanham os seus movimentos cheios de ginga.
Presa nas molas, a
roupa tenta libertar- se e voar para bem longe. O meu coração sossega-se
e fico horas e horas contemplando aquela vestimenta. Em nada penso, só
sinto uma paz íntima comigo mesmo. O céu começa a vestir-se de noite. As
luzes da sala são apagadas e eu permaneço ali, fixo. Uma mão aprazível
me toca. Uma voz fina amacia os meus ouvidos: “estamos para fechar a
sala” É a voz de uma senhora forte e delicada que tem controlado o
estabelecimento. Ai recolho os meus pertences na esperança de mais um
dia retornar naquele lugar e contemplar o mesmo cenário.
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