A
brisa gelada assustadora levanta a pele, a mente miúda encolhe-se e o medo
avassalador abocanha os sentidos.
A morte vem como um eclipse que oculta o
brilho do sol, dador de vida.
A
morte suga as veias puxando os nervos, trazendo o medo.
Enrola
e rebola na cama aflita na viagem eternal.
Os
olhos espreitam o outro mundo onde a alma não quer chegar.
A
morte vem silenciosa. Vem descalçada, disfarçada e despercebida arrancando a
raiz da alma, deixando o choro para os vivos.
No
silêncio noturno dança-se o grito dos choros, a música da morte.
Os
andarilhos da noite. Destemidos se protegem do frio, do medo e do calor
infernal que a morte inspira.
A morte
chama os vivos, apaixonada eterna da vida.
A
morte desconhece os mortos, apartados da vida
A
agonia melancólica dura séculos. Dura a eternidade nos olhos de quem vai
partir, visível nos olhos de quem fica para a próxima viagem.
Os
vivos fingem de mortos para ludibriar a
morte sábia que destinge os mortos dos vivos.
A
morte é mais velha que a terra, mais antiga que os segredos guardados nos sete
mares.
A
morte é o sonho dos suicidas frustrados, dos amores renegados, dos sonhos abortados,
a ultima casa de todo o vivente.
A
morte é a palavra dita. Maldita que ninguém quer mencionar.
A
morte chama a todos, preparados e despreparados, gregos e romanos, ricos e
humildes, xingondos e machanganas.
A
morte, toda gente vai morrer