terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

O vendaval de Nwmulambo

Tudo estava tão calmo. Até quando de forma súbita, a temperatura que brincava na casa dos trinta e cinco graus, subiu para quarenta e nove. Do nada, o céu azul se vestiu de nuvens negras e se tornou noite. Por sua vez, as nuvens negras se tingiram de vermelho como se fosse sangue jorrando de um bode sacrificado aos deuses. As pessoas assustadas correram de um lado para o outro, sem saber o que fazer. Atónitas, algumas se fecharam nas sinagogas e começaram a rezar “ave marias”. Os apegados a cultura, correram para as suas palhotas, consultar os seus oráculos acerca da mensagem que os de baixo e os de cima queriam trazer ao mundo dos vivos. Enquanto isso, os ímpios e os apegados a ciência, indagavam acerca daquele fenómeno estranho a sua existência humana. 
Para além de melhorar, as coisas pioraram. Do céu vermelho de sangue, começaram a gritar vozes ensurdecedoras de relâmpagos. Não eram relâmpagos quaisquer, eram raios negros que aumentavam a escuridão da noite com seus gritos de agonia para os seres humanos cheios de medo.
Um vento que parecia miúdo começou a mudar de roupagem. Fez tremer casas. As chapas nos tetos voaram. Arvores como se tivessem em trabalho de parto se abriram ao meio. Uma chuva de granizo desceu do céu de forma violenta jamais imaginada pelos seres viventes. Eram pedras do tamanho de um pilão dos tempos da colheita. Quando as mamanas (mães) depois de ter colhido o milho das machambas, o pilavam para fazer o “uswa”(xima), que depois era servido na mesa dos homens, perpetuando o patriarcado secular.
(continua)

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