sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Sessar Fogo Permanente Entre Israel E Hamas



Não sou bom em questões de análise politica ou social. No entanto, quando hoje de manhã peguei no jornal juro que fiquei horrorizado com o que li. Algumas pessoas iam se alegrar, depois limpar a boca e deixar as suas vidas continuarem normalmente como se de nada tivessem lido. Contudo, este não é o meu estilo. As vezes quando vejo coisas que falam de perda de vidas humanas sempre dou- me tempo para ler o jornal.
A propósito, invadi a secretária da minha colega, vi que na sua mesa tinha o “jornal noticias”. Normalmente, quando pego um jornal procuro sobretudo a parte das cronicas ou das curiosidades já que sei que o resto do que ai vem, são arranjos para abocanhar leitores e engoli-los nas notícias que só visam entreter as pessoas por causa das barbaridades e publicidades baratas que escrevem. Não quero com isso desencorajar as pessoas que tem cultura de ler os jornais. Mas também, há uma necessidade de analisar o que se lê.
Peguei no jornal. Folhei um pouco, e mais um pouco. Vi ali a cronica de um tipo que não quero mencionar o nome. Falava do acordo de “sessar de hostilidade” entre o governo e a Renamo. Aquilo devia ser chamado de “sessar fogo”, mas o governo, sobre o argumento de que não havia nenhuma guerra declarada não se devia chamar sessar fogo. Para mim não importa. O importante é que se entenderam, não sei como, mas o sangue do povo sei que foi derramado e agora se negam assumir as responsabilidades das suas barbaridades. Não vejo por que motivo os passeios da “Joaquim Chissano” tiveram que chacinar vidas inocentes. Este é outro capítulo.
A razão da minha inquietação na verdade foi o acordo de sessar fogo permanente, assinado na terça-feira entre Israel e Palestina. Alias, não é o acordo que me inquieta, mas sim, a revindicação de ambos os lados da “Vitoria da guerra” que vem incendiando a faixa de Gaza. Só para constatar, esta guerra já enterrou cerca de 2143 palestinos, entre civis e soldados; enquanto do lado israelita são mencionadas apenas 70 pessoas. Por um lado, Israel diz que golpeou o Hamas. No entanto, a sua imprensa fala de “empate” porque apesar de ter sido bombardeado o Hamas, ainda continua viva. De outro lado, a Palestina diz que Israel acabou rendendo apesar do seu imponente exército e armamento sofisticado que possui. Por isso não havia como continuar a guerrear.
É por ai que me inquieto. Num evento em que vidas humanas são desperdiçadas, não existe nenhum motivo para comemorar. Ambos deviam aproveitar este momento para tentar reconstruir os seus espaços, reconfortar o seu povo que vem sofrendo a décadas. Por isso digo que o ser humano é complicado de tal maneira que se fazem armas que são precisos carros para carregar e são para matar a ele próprio.



terça-feira, 26 de agosto de 2014

Vida Injusta

Quero fechar-me no quarto e beber um fado forte
Me envolver entre os lenções e chamar as lembranças dos velhos tempos
Daqueles momentos que se tornaram farrapos

Me quero encher de tristezas e deixar o rio das minhas lagrimas molhar a cama até que meu coração não suporte
Porque os que foram não voltam mais e os que chegam não ficam para sempre
Porque essa vida passageira a ninguém pertence e a todos é tirada antes do tempo
Nem os poetas que evocam a morte vivem para sempre
Aqueles que tingem e enchem a vida dos outros de cores para o além também partem

Os corações também se partem e entre solidão e tristeza da perda se repartem
Lembram do filho que não foi amado
Do artista em vida renegado e bajulado
Daquele que apos a morte é glorificado
Não importa quantas lagrimas caiam, também vou seguir o mesmo caminho
Por isso, vou juntar os meus poemas e deita-los fora
A vida é injusta e as pessoas também o são
(Adeus White)

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Momentos de pós-trauma das doenças


Sabe, este último episódio de gripe a que acabo de passar levou-me a lembrar dalguns momentos do “pós-trauma” quando a gente se livra dalguma enfermidade. Chamo de pós-trauma porque não sei como é tratada aquela fase em que a gente sente que já está livre da doença que nos sucumbia e nem quero dar-me o trabalho de procurar pela definição. Primeiro porque não sou especialista na área, mas também, as pessoas não têm que esperar receber tudo de braços cruzados. Há que trambicar para manducar.
Acontece portanto, que, quando ainda era criança as vezes me contentava em ter uma doencinha, desde que não martelasse tanto a cabeça porque podia ter alguns dias de luxo. Podia comer tudo o quanto quisesse dentro daquilo que eram os limites e as capacidades dos meus pais. De manhã vinha uma papinha de milho; ao meio dia uma carninha e a noitinha mais um outro comerete de luxo, mas antes uma sopinha e, nos intervalos podia comer bolacha maria, um iogurte e mais alguns docinhos. Tinha um tratamento especial e não via o risco que se tem quando se esta doente. O que mais gostava ainda era do xarope. Por vezes preferia ter alguma doença respiratória para tomar o mel. No entanto, a única coisa que me podia tirar o sono quando estivesse doente, eram as vacinas e os próprios comprimidos.
Uma outra situação que acho um pouco engraçada nesta fase é quando a gente fica doente de verdade e parece que ficamos por um fio entre a vida e a morte. Lembro que nesta fase, como tinha um amigo de que gostava muito na adolescência humilde e, porque não era ganancioso pensava em chamar os meus pais para levar todos meus brinquedos para lhe oferecer já que não ia precisar deles caso morresse. Me orgulho por ter pensado assi, pena que esta coisa de adulto chegou e trouxe também a mania de agarrar as coisas para nós mesmos sem pensar nos outros.
Uma mania a que me arrependo na verdade era nos casos em que ficava doente enquanto namorava com alguém. Não queria que ninguém sofresse de amores por toda a vida só por minha causa. Preferia fazer de tudo para que a relação terminasse de modo a aliviar o sofrimento da dor da perda. Pena que não sabia que isso fazia com que a pessoa sofresse mais porque me achava mais especial ainda. Mas também, paguei um preço carro por esta mania. Cinco anos de namoro foram a baixo.
Em fim, são casos para lembrar e rir um pouco. A gente assim aprende. Sem as frustrações e algumas doenças a vida se calhar não teria as cores que tem e muito menos as graças e as desgraças que nos proporciona.







sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Quando a morte vier

Quando a morte chegar, que seja de madrugada
Que ela não me avise quando vier
Quero que me encontre sossegado, deitado na cama da longa espera

Quando o cabelo preto dar lugar ao branco, vou chamar a morte para que venha de mansinho
Me abrace com as suas mãos suaves que nos levam na viagem eterna onde somos embebedados pelo sono profundo
Não tenho medo da morte, só quero que ela me encontre velhinho, cercado pelos meus netinhos
Por enquanto, vou bebendo histórias para contar lá em cima ou aqui em baixo, seja onde a morte quiser

Quando a morte vier, não chorrem, ela não faz mal
Só nos liberta do jugo infernal
A morte só nos tira desse carma que o corpo acumula

Que a morte venha como o orvalho que não avisa
Ou, como a vacina que abocanha a nossa carne anestesiando o nosso corpo perecível
A morte não morde, não condena, só liberta

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

A Algazarra no My Love-Plasma


Não faltava muito para o “my love” (camião que transporta gente) encher. Contudo, o apelo do cobrador para que as pessoas entrassem dentro do mesmo parecia que este estivesse ainda vazio. No rosto daquela multidão de gente repleta de cansaço residia a esperança de chegar a casa e a família reviver. O cobrador subiu na cabine de modo a orientar as pessoas para que se apertassem um pouco mais:
-Sinhonra vinra pra dreita e aperta esse jove- dizia o cobrador – essas minina paga, se nõ quer andar deci, nõ babo ninguém yeu- continuou.
Parecia que estava a lidar com bois ou vascas. É assim como se tem comparado as pessoas que sobem este tipo de carros. Por sua vez, as pessoas que estavam dentro do camião se encontravam bastante cansadas, por isso, não queriam pesar forças com ele, muito menos esgotar as energias gastas durante o dia.
O my love encheu. Não havia espaço nem para uma mosca respirar. As gentes ai empilhadas pareciam cardume na latinha. Mesmo assim, o motorista arrancou o carro abarrotado de almas humanas, de mães e pais, de pais e filhos. Saiu do parque. Desviou aquelas senhoras de xidjumba de xicalamidades. Logo ao desviar, parecia que ia virar. O medo comeu o coração de toda a gente que em consonância gritou
- ho lava ku hi dlaya ke?(nos quer matar?) - gritavam as pessoas dentro do carro
Contudo, não havia mais volta. Uma vez dentro não havia como descer. Não há outra alternativa. É o embalo sem retorno. Nestes momentos, nada sabe melhor que um bom papo.
-Apesar de viajar assim, gosto de subir o my love. Aqui ninguém é e ninguém. Se você tem marido ou mulher vale a pena ficar em casa- falava um jovem, que mostrava-se bastante animado- Estas a ver eu, deixo que me peguem, por isso eu também pego- continuava.
-Você sobe aqui para aproveitar as pessoas. Se houvesse minha mulher aqui e você a pegasse, juro que te mascava com os dedos- respondia um jovem mais alto e forte que o primeiro.
Um riso ecoou no carro. O jovem aproveitador limpou-se com o braço esquerdo e abraçou o silêncio da boca que tão pouco começou a queixar a cebola comida durante o almoço. Depois do riso, houve uma relativa calma.
Enquanto isso, o veículo deslizava a Julyus Nherere. Doutro lado, quase na cabeça do carro, tinha um jovem calmo de jaqueta preta que deixava espreitar uma camisa branca. O seu rosto refletia uma calma serena e cara de quem poupa as palavras. A frente deste jovem havia um outro jovem, na casa de ser chamado de senhor. Contrastava com o jovem ora descrito. Falava a todo momento, dirigia a palavra a quem não a quisesse comprar e soltava um sorriso vulgar, daqueles que se encontrão em mercados e em locais onde se vende mal coado. Entre o jovem sereno e o outro menos calmo, estava uma outra moça que esbanjava bastante simplicidade e humildade.
-Tens que levantar as mãos, pegar assim. Estas a ver como eu pego?- Falava o jovem esquisito para a menina humilde.
Ela começou a sorrir, longe do que estava a acontecer. Dentro dela se podia ler alguma coisa que dizia “que bom samaritano”. Assim, a viagem prosseguia. Quando passava a zona de Hulene expresso, eis que o insólito acontece: uma chapada, um soco. Enquanto o jovem estranho tentava abrir a boca para se defender já que era a única coisa que podia usar, mais socos choviam ao seu rosto. Ninguém entendia nada, daquele acontecimento súbito.
- Pega minha camisa- falava para a jovem menina humilde que antes sorrira para o jovem que estava a molhar de socos.
Sangue por todo o lado. Uma cabeçada e o sangue tinge algumas pessoas dentro do carro. O motorista parra, tirando a cabeça de modo a entender o que se passava, qual era a razão daquela algazarra toda.
-Afinal o que se passa?- perguntava aos viajantes.
Ninguém se dignou a responder. Ninguém sabia de nada.
-Esse tipo andava a dizer todo mundo para levantar as mãos, enquanto isso, metia as mãos na carteira. Pegou bolsa da minha namorada-explicou o jovem calmo.
Afinal aquela miúda meiga era namorada desse jovem valente e sereno? O ladrão sorridente ainda se ressentido dos socos e das cabeçadas dadas perguntou:
- Afinal o que foi que fiz? Estou a levar purrada em vão porquê?
Enquanto falava, a carteira que pesava o seu bolso caiu aos olhos de toda a gente e ele tentava fingir como se de si não tivesse saído.
-Não esta aqui a carteira?
Um outro senho que teria visto quando ele deixava a carteira sair do seu bolso, esticou uma chapada no seu rosto.
-Acha que não o vimos? Queres continuar a fingir?
Quase que era linchado. Uma senhora que estava a assistir tudo calada advertiu a todo mundo
- Não vamos fazer isso, assim vão mata-lo e sujar as vossas mãos. Por favor não façam isso.
Enquanto aquela senhora falava, o ladrão descia de mansinho e entre o engarrafamento desaparecia embebedado pelos carros que regressavam as suas casas. O carro arrancou e dali desapareceu ficando a poeira daquela confusão criada e, acredita-se que este conto teria girado em torno das casas dos ocupantes daquele caro durante toda a semana e mais algumas noites..