sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Quando a morte vier

Quando a morte chegar, que seja de madrugada
Que ela não me avise quando vier
Quero que me encontre sossegado, deitado na cama da longa espera

Quando o cabelo preto dar lugar ao branco, vou chamar a morte para que venha de mansinho
Me abrace com as suas mãos suaves que nos levam na viagem eterna onde somos embebedados pelo sono profundo
Não tenho medo da morte, só quero que ela me encontre velhinho, cercado pelos meus netinhos
Por enquanto, vou bebendo histórias para contar lá em cima ou aqui em baixo, seja onde a morte quiser

Quando a morte vier, não chorrem, ela não faz mal
Só nos liberta do jugo infernal
A morte só nos tira desse carma que o corpo acumula

Que a morte venha como o orvalho que não avisa
Ou, como a vacina que abocanha a nossa carne anestesiando o nosso corpo perecível
A morte não morde, não condena, só liberta

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