quinta-feira, 24 de abril de 2014

Falta de água em Maputo



Durante o final de semana quase chorei. Tudo começa na sexta-feira quando regresso do serviço exausto e com bastante fome. Como de costume, aprontei-me de calções para tomar banho, só que entretanto para a minha surpresa choco-me com a escassez de água nos tambores. Não perguntei nada, quis ser o portador primário da notícia trágica. Eis que para o meu espanto o tubo de agua que a gente usa para roubar o liquido das “Aguas de Moçambique” estava seco, murcho como o deserto de Calaári, que tenho o lido já que não o conheço de vista nem de o pisar se não for em sonhos. Ai a minha cabeça começou a girar, senti o corpo a coçar, o suor a transborda-se pelos sovacos deslizando pelo corpo inteiro até ser chupado pelo chão. Este foi o episódio da sexta-feira por um lado.
Chegado sábado, sem banhar e a beber com dificuldades. Tinha um programa com a minha amada. A ideia era sair as dezesseis. Portanto, tive que acordar as quatro da madrugada para apanhar o precioso líquido e caminhar uma distância de mais ou menos cinco quilómetros (não tenho certeza, não sou bom na medição). Chegado a fonte, tive que aguentar o cordão humano que pretendia também como eu, garantir pelo menos um bidon de água. Para completar, no mesmo dia deparei-me com a outra situação embaraçosa que só veio agravar a situação agonizante que caracteriza as zonas suburbanas de Maputo. Como por exemplo: Polana caniço, Maxaquene, mavalane e outros. Apesar da lenga-lenga consegui garantir o único banho do dia.
Chegado domingo, a situação ficou mais alarmante ainda. Não tinha literalmente nem uma gota de água. Não havia espaço nem para nascer um mosquito. Contudo, graças a extensão da família, tive que viajar até CMC para poder obter um bidonzinho de água.
Por fim, na segunda-feira acordei de manha na esperança de que podiam ter aberto as linhas de água que canalizam este líquido para as nossas zonas. Para o meu espanto, nada disso havia acontecido, nada de água. Fiquei bastante transtornado, tive que ir trabalhar sem banhar e a cheirar os sovacos no chapa (Transporte semicolectivo). Contudo, já que quase “todo mundo” não havia banhado, portanto ninguém sentiu o cheiro do outro.
Passei o dia a lamuriar a minha pobreza: “Porque é que os pobres existem, se é para passarem por isso? Me arrependo de ser pobre, para mim pobre não devia existir. Somos apertados nos chapas, chamados de vândalos, preguiçosos, esfomeados e ainda nos falta agua e luz que são coisas dignas e fundamentais de um ser humano. O meu coração está chorar, não sei porque é que fazem isto com nos pobres. Onde é que vamos ficar com estas situações”
Alguma coisa tem que mudar, ajudem nois pobre

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