quarta-feira, 4 de junho de 2014

O noivo que morre na noite da sua apresentação (Parte I)


Encontraram-se logo pela manhã, depois do cântico dos galos. Eduardo estava apreensivo e bastante excitado pela aproximação do dia em que prometera ir à casa da sua amada “se suicidar” como as pessoas tem falado. Estava nervoso porque se esgotavam as economias que havia reservado durante os sacrificados onze meses debaixo do sol intenso que assola Maputo naquele período do ano. Haviam escolhido o mês de dezembro para aproveitar fazer uma ligação com a festa da família que é comemorada em todos os finais do ano. Eduardo trabalhava numa empresa de construção, de patrões chineses. Quase que sempre, recebia insultos, era ameaçado de expulsão. Por vezes, pensava em abandonar o emprego e se consolar no colo da sua amada. Ai nesse mesmo instante, os ventos da reflexão assolavam a sua insolente mente desprovida de esperanças:
-“Se eu deixo deixar de trabalhar como é que vou dar de comer aos meus sete irmãozinhos pequenos? Como é que vai passar a viver a minha mãezinha viúva que desperdiçou a sua juventude para cuidar de mim e dos meus irmãos pequenos? A minha amada como é que vai ir ao salão?” – Eduardo monologava em torno de si mesmo.
Eduardo era um tipo que aparentava estar na casa dos trinta, mas a sua pele rija e escura como o carvão aparentava mais que isso, talvez seja porque tem trabalhado durante muito tempo debaixo do sol. Os seus olhos anunciavam um cansaço secular de quem dorme abaixo da hora recomendada. No seu corpo escondido detrás das tralhas velhas que trajava camuflavam-se músculos que faziam dele o jovem mais desejado da zona. Ele era a versão original do príncipe encorporado no monstro, não obstante que era romântico.
Caminhava Eduardo na companhia sua amada Mavassane. Cortejava-a na sua caminhada rumo ao mercado, aproveitando a deixa para fazer os últimos acertos do evento que iria marcar um passo na história das suas vidas e da sua relação. Eduardo teria escolhido viver os seus últimos dias ao lado da Mavassane, porque via nos olhos desta a inocência que perdera na sua própria infância, não obstante também que a Mavassane não era o ultimo pedaço do bolo. Mavassane também era a miúda mais cobiçada da zona. Por isso, provocou um espanto e um grande murmúrio na zona pelo facto de ela ter escolhido o Eduardo como futuro pai dos seus filhos. As pessoas se perguntavam: “como é que uma donzela nascida numa família nobre foi se meter com uma ferra, um pobre que só tem um teto erguido pelos pais?” A sua família também não apoiava o relacionamento dela com o seu amado e escolhido. Até que a tempos atrás haviam arranjado um pretendente que julgavam à altura da Mavassane. Entretanto, a menina havia escolhido o Eduardo pura e simplesmente para casar e viver juntos para sempre como comandava o destino que estava para se desenhar se não fosse o trágico acontecimento que vai cruzar as suas vidas.
As vezes, Mavassane excedia os limites das capacidades de Eduardo. Enquanto caminhavam naquele cortejo matinal, Mavassane deixa a voz fina e suave como a brisa matinal soltar umas palavras em forma de cântico melancólico, mas prazeroso de se ouvir aos ouvidos do seu amado:
-Depois minha mãe disse que era preciso anel, colar, relógio, um vestido para mim, duas caixas de cerveja, duas de refresco, duas garrafas de vinho: um tinto e outra branca-falava como se tratasse de um texto decorado. Continuou falando- depois aquele dinheiro que me passaste para amanhã quando vocês vierem na minha casa. Acabou todo.
Enquanto falava a Mavassane, Eduardo sentia a sua cabeça a ferver por conta das exigências exacerbadas que a sua amada levantava. Sobretudo porque sabia que não partia dela, mas sim da sua família. Foi quando antes da voz da Mavassane dar uma pausa, Eduardo interrompe:
-Tudo isso numa apresentação?- Protesta- Não tem mais dinheiro. Se for para nos separarmos, que assim seja. Cheguei ao meu limite, tu sabes quais são as minhas capacidades.
Eduardo falava como se tivesse a por em teste o amor que a sua amada tem por si. De repente, do canto esquerdo do olho de Mavassane começou a minguar uma lágrima em forma de círculo que aos poucos ia enchendo como um rio no linear do seu caudal. A lagrima transbordou os seus limites esvaziando-se dos olhos inundando o rosto até alcançar o peito em forma de duas laranjas da Mavassane. Nesse mesmo instante, Eduardo sentiu um remorso por ter proferido tamanhas palavras que transcendiam a compreensão da sua amada. Abraçou-a tão forte que quase arrebentavam os fios de concha que a teria oferecido. Dois botões da blusa desta se desfizeram no aperto, no momento de demonstrar o amor, as vezes Eduardo excedia um pouco. Queria demostrar o arrependimento que lhe encarnava. Voltaria ao passado se o tempo permitisse de modo a remendar o erro fatal que teria cometido. Não aguentava ver uma lagrima se quer. Isso lhe lembrava da sua insolente infância, dos dias que terá dormido junto com a sua mãe ao relento sem nada para cobrir e beber.
Mavassane viu a cara de nuvens que Eduardo deixava transparecer. Enxugou as lagrimas, olhou nos olhos do seu amado e tentou exprimir o consentimento de que Eduardo não falava aquilo por querer, mas sim sofria uma grande pressão por parte dela e da sua família.
-Não faz isso amor, passou eu também não disse aquilo por querer, mas em casa as vezes sofro com as exigências também, as vezes quando peço alguma coisa dizem que já cresci o bastante e tu é que deves responder por mim. Sei que isso não é coreto, mas não posso fazer nada, eles são meus pais- Expressava-se vagarosamente Mavassane.
Chegados próximo ao mercado, Eduardo se despediu da sua esposa. Queria se dar tempo de ver uma forma de aumentar uma parte do dinheiro que tinha de modo a responder as exigências da sua família e da sua amada.

1 comentário:

  1. Gostei meu irmao onde ganhas tanta imspiracao??????????? A outre parte ante quando

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