quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Uma Lição Entre Colegas na Cozinha

Resultado de imagem para cozinha colegas desenhoEntrei na cozinha a correr para aquecer o almoço. O prato do dia era composto de guisado de galinha e arroz de cebola. Não via a chegada da hora nobre, o momento mais esperado. Não são todos os dias que se come frango no almoço. Tendo em conta que na minha casa, apenas se cozinha carne, entre duas a três vezes por mês. Meu colega estava ai parado, na cozinha, estático como se fosse um espantalho que é colocado nas machambas para assustar os passarinhos. Me olhava com admiração. Murmurando palavras surdas e mudas que lutavam para se libertar. Finalmente ganhou coragem e deixou a língua beber o ar, dizendo:
-Será que há algum dia em que estás sem moral?-perguntou.
Não gosto de respostas directas. Sou famoso em dar voltas para satisfazer uma simples questão. Talvez seja por medo de deixar as pessoas insatisfeitas com as respostas que lhes possa dar. Portanto, não dei uma resposta directa. Comecei a circular em argumentos.
-Sabe, a questão da disposição depende de si. Se você quiser mostrar-se cheio de energia, é só pensar que esta feliz e tudo a volta está bem. Não é que não tenha problemas, mas a forma como os encaro não deixa transparecer que sejam tão relevantes para mim. É uma forma positiva de viver e de ver o mundo. Ademais, os problemas não somem apenas porque você está nervoso ou alegre. Por outro lado, quando está perante um problema, de forma exacerbada se preocupa, você bloqueia as saídas para uma solução mais saudável. Não importa até aonde a pessoa está mergulhada num problema. Há sempre uma solução - enquanto falava, ele se limitava a escutar - olha o exemplo da água da chuva que em gotas cai, mas imponente quebra qualquer obstáculo até alcançar o oceano- continuei.
Ficou escutando, durante uns prolongados minutos sem nada dizer. Acabou lembrando do dia em que teria trancado as chaves dentro do armazém e, desesperado veio ter comigo em busca de ajuda. Estava tão pálido, assustado como se tivesse visto um xituculumukumba em carne e osso. Tendo o sossegado, dizendo que aquilo era normal de acontecer e que as pessoas ião entender e caso quisesse poderia dizer que fui eu que as tranquei e, portanto, saberia como justificar. Contudo, nem precisou mentir, porque antes de ir falar que trancou as chaves, conseguiu ver que as podia alcançar simplesmente com um pau. Aproveitei esse infortunado incidente para argumentar ainda mais “esta a ver? Você se martelou enquanto ainda tinha uma última solução a vista. Só para ver que se preocupar de mais é anteceder o sofrimento”
- Tens toda razão, tenho aprendido com isso, vou tentar viver positivamente apesar de não ser fácil- falava ele, acenando a cabeça concordando com as palavras antes ditas.
A comida aqueceu e quase queimava enquanto a gente ia cozinhando ideias, partilhando experiências de vida, que nos vão valer por toda a vida. Como “tudo que é bom não dura para sempre” como dizem os sábios, tivemos que nos separar, cada um para seu sector, com a certeza de que as nossas almas estavam iluminadas e nutridas de energias positivas, como a lua que rouba energia do sol durante o dia para nos iluminar a noite.



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