quarta-feira, 6 de abril de 2016

A LIÇÃO DOS HERÓIS DE ANIMES

Em todas histórias de vida dos heróis de cinema, ou melhor, de animes que conheço, há sempre uma tragedia, uma nuvem negra assombrante. Um passado que lhes persegue. Um vazio que tentam preencher com o seu heroísmo. Me iria perder com a avalanche de exemplos caso quisesse mencionar todos eles neste pequeno texto. No entanto, é de conhecimento de todos que o grande Super Herói, o “homem de ferro” (Kal Al) ou Clark Kent como é conhecido na terra, vem de um planeta distante e aqui caiu por um mero acidente do destino. Os seus pais, a sua família e quase toda a raça foi extinta na explosão de Krypton. Agora, imagina se isso acontece consigo. De toda a humanidade seres o único para contar a história do teu planeta a uns seres que para si parecem formigas. Apesar do poder que possas ostentar, acredito que isso não faria com que sentisses realizado. Haveria algum lugar, um momento, uma pausa para se auto consolar da perda irreparável do passado.
Vamos também analisar a história do Bruce Wayne, o homenzinho que tem medo de morcegos. Os seus pais são barbaramente assassinados a queima-roupa na sua frente. Um rapaz muito rico, órfão de pai e mãe. Larga tudo para se exilar em terras distantes. Apesar disso, dá a volta por cima e se torna o grande herói da cidade de Gotham. Aclamado pelos citadinos da “Gotham City”, leva vários delinquentes e criminosos às malhas da justiça. Todavia, nisto tudo, será que esse reconhecimento do seu heroísmo preenche o vazio que sente pela perda dos pais? Será que todos da cidade de Gotham tem orgulho deste heroísmo? Será que quando está sozinho, aquele episódio que viu na infância, não lhe vem a flor da pele? São perguntas que nos podemos fazer e a sua resposta pode não caber neste testo.
Avançando mais, outro herói que merece a nossa atenção, é o Piter Park, o homem aranha. A história dos seus pais não é bem clara, mas nota-se logo o amor que sente pelos seus tios (Bem e May) que, por um fatídico incidente, acaba por perder um destes (tio Ben). Ele assiste a morte do seu tio sem ter como lhe socorrer depois de um desentendimento entre os dois. Identificando o assassino do tio, usando os poder que tem, decide se vingar e acabar com todos os “fora da lei”. Aqui também, as perguntas são similares: Será que, as teias de aranha e o amor da sua amada Mary Jane, conseguem cobrir o vazio do seu coração pela perda dos pais e do tio?
É verdade que todos estes são personagens de ficção científica e, por isso, não deixaria de falar do Naruto. O herói controverso dos animes japoneses. Aquele rapaz que hospeda dentro de si, a Kyuubi presa pelos nove selos. Os pais que heroicamente morreram para salvar Konoha, a vila da folha. Mas mesmo assim, luta contra tudo e todos para se tornar o Hokage, herói da sua vila. O que por um esforço acrescido acaba conseguindo depois de travar inúmeras batalhas. Também, tanto quanto os outros, apesar da sua perspicácia e heroismo, não deixa de sofrer com os fantasmas do passado. A memória de ser um renegado na vila. O rapaz monstro que alberga a Kyuubi o incomoda sempre que está sozinho.
Como já havia dito, são vários nomes de heróis que poderia arrolar. Mas o importante para mim, não é poder contar quantos heróis existem nos animes, mas sim, perceber o que nos tentam transmitir com a sua história de heroísmo. Que o passado sórdido e humilde pode ser o estopim que faz a combustão dos nossos sonhos queimar. Que não importa qual passado tenhamos, podemos ser capazes de dar a volta por cima e enfrentar os nossos fantasmas, apesar de que eles podem continuar nos assombrando por toda a eternidade. Tentam nos ensinar que até os grandes heróis tem seus medos, mas os enfrentam de frente e os ultrapassam. Nos ensinam que o herói pode ser qualquer um: órfão, rico até pobre. O que importa não é o passado, mas sim o que fazemos dele para melhor a nossa vida e a dos que nos envolteiam. Portanto, o herói não só existe nos animes, mas sim, também na vida real. O herói somos todos nós, quando acordamos bem cedo para ir trabalhar, quando lutamos para melhorar a nossa família, quando ajudamos uma criança a atravessar a estrada ou até quando cedemos lugar para uma pessoa idosa ou doente sentar.

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