A dois dias atrás vi um
colega meu, avido em comprar cacana em plena noite do dia 19 do ano em curso.
Comecei a imaginar a fome que estaria sentindo naquele momento para estar
daquela forma, procurando o ingrediente principal de um dos pratos típicos
moçambicanos que posso me ariscar em dizer que foi um dos mais consumidos em
Moçambique nos tempo de fome, nas décadas 80 a 90 e tinha como acompanhante a
papa amarela.
O que chamou-me mais atenção, foi a questão de que no dia seguinte, ouvi
meus colegas de serviço a comentarem a cerca de se comprar cacana para amarar
no pulso das crianças a partir da manhã do dia 20, sem mais avançar qualquer
assunto que justifique o tal feito. Juro que isso criou-me uma grande
curiosidade. Comecei a praticar o meu ofício de aspirante a historiador, pesquisando
as fontes que estavam no meu alcance, conversando com as pessoas dentro de
chapa para aferir o que diriam sobre o assunto. Parecia que ninguém queria
falar do fenômeno sobre o risco de não chamar a má sorte para as suas famílias.
Apertei uma das minhas acompanhantes no chapa (transporte público privado) para
ver se soltava alguma palavrinha acerca do assunto e só se limitava a dizer que
isso era uma palhaçada e se eu quisesse saciar a minha curiosidade teria que
prestar atenção à televisão.
Passado esse episódio todo, acordei hoje de manhã como que nada tivesse
ouvido falar no dia anterior, até que ouve meu telefone a tocar, era o meu
irmão, queria que dissesse à minha mãe para que amarrasse cacana nas minhas
sobrinhas porque hoje haveria uma grande tempestade que iria assolar Maputo,
vindo de Gaza. Perguntei onde teria ouvido falar disso e respondeu que havia
sido no telejornal da televisão de Moçambique (TVM).
Agora, cá comigo mesmo começo a questionar, a duvidar do fenômeno, será que
isso é verdade? Me lembro quando estávamos prestes a entrar no ano 2000, como
as pessoas ficaram agitadas e nalguns noticiários televisivos e radiofônicos
ouvi falar que muitas pessoas morreram por conta de boatos e algumas crenças
culturalmente construídas. Desta vez só espero que nenhum sangue seja derramado
e aproveito deixar uma chamada de atenção para que as pessoas não se agitem e
nem caiam em simples boatos, contudo respeito as crenças de cada um.
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