quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Amarar cacana no pulso para espulsar azar




            A dois dias atrás vi um colega meu, avido em comprar cacana em plena noite do dia 19 do ano em curso. Comecei a imaginar a fome que estaria sentindo naquele momento para estar daquela forma, procurando o ingrediente principal de um dos pratos típicos moçambicanos que posso me ariscar em dizer que foi um dos mais consumidos em Moçambique nos tempo de fome, nas décadas 80 a 90 e tinha como acompanhante a papa amarela.
O que chamou-me mais atenção, foi a questão de que no dia seguinte, ouvi meus colegas de serviço a comentarem a cerca de se comprar cacana para amarar no pulso das crianças a partir da manhã do dia 20, sem mais avançar qualquer assunto que justifique o tal feito. Juro que isso criou-me uma grande curiosidade. Comecei a praticar o meu ofício de aspirante a historiador, pesquisando as fontes que estavam no meu alcance, conversando com as pessoas dentro de chapa para aferir o que diriam sobre o assunto. Parecia que ninguém queria falar do fenômeno sobre o risco de não chamar a má sorte para as suas famílias. Apertei uma das minhas acompanhantes no chapa (transporte público privado) para ver se soltava alguma palavrinha acerca do assunto e só se limitava a dizer que isso era uma palhaçada e se eu quisesse saciar a minha curiosidade teria que prestar atenção à televisão.
Passado esse episódio todo, acordei hoje de manhã como que nada tivesse ouvido falar no dia anterior, até que ouve meu telefone a tocar, era o meu irmão, queria que dissesse à minha mãe para que amarrasse cacana nas minhas sobrinhas porque hoje haveria uma grande tempestade que iria assolar Maputo, vindo de Gaza. Perguntei onde teria ouvido falar disso e respondeu que havia sido no telejornal da televisão de Moçambique (TVM).
Agora, cá comigo mesmo começo a questionar, a duvidar do fenômeno, será que isso é verdade? Me lembro quando estávamos prestes a entrar no ano 2000, como as pessoas ficaram agitadas e nalguns noticiários televisivos e radiofônicos ouvi falar que muitas pessoas morreram por conta de boatos e algumas crenças culturalmente construídas. Desta vez só espero que nenhum sangue seja derramado e aproveito deixar uma chamada de atenção para que as pessoas não se agitem e nem caiam em simples boatos, contudo respeito as crenças de cada um.

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